domingo, 6 de novembro de 2011

Reencontro



Dia cinza em Tabira.
Assim como o dia, meu universo estava igual a um legítimo filme de época: manchado, preto-e-branco e mudo. Para piorar, a figura do meu Rodolfo Valentino que outrora me encantava e me inspirava para escrever esses textos, tinha se dissipado no vento. Como incenso, seu perfume tinha subido as mais elevadas montanhas.
Desde meu último texto, notei que não tinha mais sobre o quê escrever.
Amor?
Paixão?
Como, se a fagulha de esperança de encontrá-lo fora esmigalhada pela violência incontida nesse Brasil de tantos Santos sem um pingo de bondade.
Pelo meu fracasso, recuei e resolvi calar-me, até porque não sou de falar sobre meus baixos, mesmo sabendo que a Roda Viva gira e vez e outra desce, para provarmos de que somos meros mortais, e que tudo que vem do pó ao pó voltará.
Passaram cerca de seis meses...
Nessa minha metamorfose louca resolvi sair do casulo que eu mesma construi e comecei a encarar a vida de forma bruta, para lapidá-la conforme eu quisesse. Aos poucos, montei meu quebra-cabeça e parti para a luta em prol dos meus sonhos. Estava solitária e não sabia se meu cristal das Arábias estava na mesma situação.
Abri conversa.
Disparei um "oi" tímido. Amarguei um silêncio perturbador de minutos que me valeram uma eternidade.
A mensagem extensa quebou o silêncio. Fora o meu estímulo-resposta, o estopim para o esclarecimento. Calei o poeta e mais uma vez, o silêncio pertubou-me a ponto de desejar uma taça de absinto.
Horas depois conversamos e o que era gélido aos poucos foi esquentando: meu coração ensaiou batucar um forró enfezado. O dele, talvez um samba de gafieira.
O contato da voz marcou o retorno de meu Valentino para brilhar de uma vez por todas em meu cinema pessoal.
Foi bom te reencontrar.

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