Sempre fui uma moça família. Adoro conversar com meus avós e tios-avós, o papo é para mim uma aula, ministrada por quem tem PHD na escola da vida. Com eles, aprendo história, filosofia, sociologia... e claro, dou longas risadas com os causos da época de outrora.
Teve a história da mangueira, cujo episódio resultou em mangas suculentas para minha mãe e cipoadas secas em meu tio Dida; a história da cobra corre-campo que quase mata meu tio Lula de susto; a história do forró no sítio e mainha, esperta como sempre, correu para casa por um atalho no mato escuro enquanto Dida conhecia o cinto de couro do meu avô estrada afora, e por aí vai. Os filhos casam, vem os netos: Eu e Paulo, de mainha... Dani e Naty de Lula... Dida coitado, se casou com a cachaça após levar um não da noiva faltando uma semana para o casamento (coisas de novela)... E assim segue a vida...
Sou a mais velha dos quatro netos de vozinha. E a única solteira da geração 80 da família Gomes. As primas de minha idade já se casaram, já tem priminhos... Eu preferi os livros: A minha sede por conhecimento é tanta que resolvi adiar o sonho de casar e ser mãe, apesar de sonhar com uma família igual aqueles comerciais de margarina e iorgute.
Terminei a faculdade, e com isso um leque de decisões a tomar. Novos horinzontes, fui pedir conselhos a minha avó e para minha surpresa ela diz:
- Rafinha, já terminou seus estudos, porque não arruma um namorado e se casa?
Olhei pra minha vó boquiaberta. Respondi com doçura:
- Vozinha, aqui não tem ninguém que me interessa... E também ainda não tinha pensado nisso...
Dona Laura me surpreende com mais uma de sua respostas:
- Mas deveria pensar. Já está com quase 25 anos, já está moça velha...
O relógio do tempo bateu na minha cara com essa resposta. Após alguns minutos em silêncio, despedi de minha vó e fui para casa, matutando, perguntando-me "25 anos? casar-me?".
Subo as escada rapidamente, entro em casa e como um foguete vou para meu quarto. Abro meu armário, me olho no espelho (tudo estava em seu lugar, nenhuma ruga sequer). Mais aliviada, fui pensar...
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