sexta-feira, 8 de outubro de 2010

Política.

É sempre assim:
A cada 2 anos, vamos lá nós contribuir com a democracia nacional: menino e idoso, rico e pobre, esperando a abertura da sessão, momento este um dos únicos onde observamos as pessoas no patamar de igualdade (o segundo momento é no cemitério, mas vamos deixar a reflexão pós-mortem para Brás Cubas). Todos com sua filinha na mão, doidos para mostrar o dedo cidadão.
Como uma parte de brasileiros, fui convocada para trabalhar durante as eleições, numa seção na minha terrinha chamada Tabira, tão pobre em finanças mas tão rica em cultura e afeto.É nesses momentos que fico observando as pessoas: o jeito de falar, de andar, de vestir e de cheirar. Rumores imprescindíveis para quem quer se tornar uma jornalista-antropóloga? talvez.
Após uma boa noite de sono aliados aos sons de carros que insistentemente passavam na minha rua (a cada dois anos isso acontece), acordei, me "aprifilei", e fui para a Seção.
Quando cheguei, já tinha um senhor, aparentando uns 75 anos, todo feliz com seu adesivo, diria que um homem propaganda. Sorri carismática e desejei um bom dia, e entrei para dentro da Seção.
Cheguei na Seção, começamos a arrumar a urna, etc. E esperamos dar 8 horas pra começar os trabalhos. Enquanto meus colegas de trabalho dominical falava sobre assuntos interessantes para 90% da população e extremamente fúteis para 10% da mesma (inclusive eu), eu comecei a prosear com os da fila. Mansinha, voz calma, carinhosa com todos, comecei com um "dormiram bem?" Aí o vozinho de 75 anos se vira e diz:
- Moça, estou aqui desde as 3 da manhã, não vejo a hora de votar no meu partido e ver a comemoração do resultado...
Como pode-pensei comigo mesma- um senhor de idade avançada, sem ninguém acompanhando, certamente com dores ósseas e limitações concernentes a idade, estar numa fila desde 3 horas da manhã para escolher seus candidatos. Que paixão é essa que leva as pessoas se matarem por um partido político, ou por qualquer ideologia de fundo sócio-comunista?
Minha cabeça se tornou uma pauta ambulante, e como toda pauta, repleta de perguntas...
Soluções para elas, só o tempo e a boa ação dos eleitos irá responder.
A política é assim: uma constante sabatina, na qual todos nós somos jornalistas, e ao mesmo tempo entrevistados.

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